Bate-e-volta gastronômico

Caucaia do Alto é ponto de encontro de aficionados pela cozinha portuguesa
10 de Maio de 2011

Bate-e-volta gastronômico

Junto à natureza ou em cidadezinhas históricas (a, no máximo, 40 quilômetros de São Paulo), cinco restaurantes que valem a viagem

por Flávia Pinho, Revista Época

Almoço sob as estrelas Boa parte da clientela da Quinta da Canta só levanta das mesas quando a noite já caiu – para satisfação do publicitário aposentado Sergio Lima, 65 anos, que comanda o fogão e toca o lugar desde 2002, ao lado da mulher, Teresa. “Sempre adorei cozinhar para os amigos e viajar para comer”, conta. A casa fica num terreno de 5 mil metros quadrados, no alto da Serra da Cantareira. Há apenas 30 lugares e as reservas são obrigatórias. O menu, a preço fixo, muda todo mês. O de agosto (R$ 115 por pessoa, sem bebidas) começa com pães aromáticos e termina dez etapas depois, com uma fatia de torta inglesa de chocolate e peras, mais café orgânico de coador. Um dos pratos é o ravióli recheado de surubim ao molho de manteiga e sálvia, secundado por alho negro, de sabor adocicado. Há ainda receitas como ragu de carne seca com nhoque de jerimum e brandade de bacalhau (purê do pescado com tiras crocantes de alho-poró). Cada uma das pequeninas porções se harmoniza com vinhos específicos, cobrados por taça. Para as crianças, serve-se um menu composto por bife de filé (ou de frango) com macarrão gravatinha, seguido de sorvete de chocolate com confeitos (R$ 26 por pessoa).

Bacalhau com fado A voz grave da cantora Mariza, fadista moçambicana popular em Portugal, dá as boas-vindas no A Quinta do Bacalhau, em Cotia – assim como o perfume do pescado, banhado no azeite, que preenche os salões de tijolos rústicos. Por trás da ambientação cuidadosa está Ivanice Marcasso, 40 anos, paulistana que visita Portugal todos os anos. Enquanto se escolhe um vinho verde da carta, totalmente portuguesa, chega a cestinha com pães quentes, de casca dourada e crocante. Em seguida é a vez do prato fumegante de caldo verde, pontuado por rodelas de linguiça artesanal. Numa posta alta grelhada, da espécie nobre Gadus morhua, com casquinha dourada e interior suculento, o bacalhau à lagareiro chega à mesa chiando sob uma camada generosa de azeite quente com alho, acompanhada de batatas ao murro e brócolis (R$ 120, para dois). De terça a sexta, o pescado também aparece num menu executivo, com pratos individuais a R$ 35. Durante a refeição, não se espante se vir, nas vigas do teto, um, dois ou até nove macaquinhos. Eles vivem na mata vizinha e aparecem vez ou outra, em busca das bananas que Ivanice faz questão de lhes oferecer.

Tadeu Brunelli

A QUINTA DO BACALHAU, COTIA
Bacalhau à lagareiro (posta alta grelhada, mais batatas ao murro e brócolis); ao lado, o salão superior na casa de Ivanice Marcasso e o caldo verde com rodelas de linguiça artesanal

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